sábado, 29 de setembro de 2007

Os Caminhos Desapareceram da Alma Humana...

"Caminho: faixa de terra sobre a qual se anda a pé. A estrada distingue-se do caminho não só por ser percorrida de automóvel, mas também por ser uma simples linha ligando um ponto a outro. A estrada não tem em si própria qualquer sentido; só têm sentido os dois pontos que ela liga. O caminho é uma homenagem ao espaço. Cada trecho do caminho é em si próprio dotado de um sentido e convida-nos a uma pausa. A estrada é uma desvalorização triunfal do espaço, que hoje não passa de um entrave aos movimentos do homem, de uma perda de tempo. Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente."

Milan Kundera

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

No fundo do copo...

De forma alguma sou livre… levanto o copo, observo o fundo e peço silenciosamente que todos os meus fados aceitem aquilo que sou e como sou… só assim conseguirei respirar e encher a mente de questões em que o tutor é a minha alma e o bom senso é o meu roteiro. Mas não te aproximes demais senão vou ter que partir como se tratasse de um magnetismo invertido, onde o vento desfaz o meu filamento, num acaso e vagueio observando transversalmente as pessoas nas suas jaulas sem imaginarem quem sou e de onde provenho, daí resulta a minha indignação mas só assim subsistirei! Sinto-me vivo, intenso e irrequieto, puro nos meus pensamentos e genuíno de sentimentos mas a estrada por onde caminhava desvanece, esmorece e ofusca-me os sentidos… desoriento-me e trilho por entre a mata nebulosa e perco-me novamente num bosque sombrio e sem saída. Mas deixem-me encontrar o rumo por entre as árvores e os espinhos que me golpeiam a percepção, isento de prudências e juízos que entendo mas que não me compreendem a mim…

domingo, 23 de setembro de 2007

Fechar os olhos...

Fecho os olhos e tudo fica escuro e silencioso… que paz de espírito, que lugar digno para a meditação e pura reflexão. Neste sítio os pensamentos brotam e voam percorrendo um espaço infinito e absoluto, às vezes sem sentido, sorridente, amargurado ou perdido, sem precisarem de uma razão, de uma justificação para existirem. Aqui relampejam momentos passados ou situações imaginárias, coisas absurdas ou cognições de génio… borboleteiam tons de cores figuradas e sensações excêntricas, onde o capricho é meu e a privacidade existe. Este é o meu reino, aqui sou rei e povo, juiz e arguido… neste espaço teorizo e altero os factos, sou a lei e dito as regras. Aqui tudo é possível, é o único local onde a palavra impossível não consta no dicionário, onde posso exercitar o talento e o engenho que me faz aguentar dia após dia o desatino da realidade, é o local onde me posso refugiar e fantasiar… e para isso só preciso fechar os olhos e tudo volta a ficar escuro e silencioso…

Eclipse...

Lamentável realidade que encobres uma verdade pouco desejada e manipulada, uma ocultação de factos, dissimulando aquilo que vemos, escondendo-se atrás de uma máscara sórdida, a fugir daquilo que realmente é, fantasiando o momento, gozando o instante… como é que se sentem confortáveis quando tudo à nossa volta expressa impureza, exprime desonestidade e falta de carácter.

Será da rude ignorância, do desejo de esquecer a amarga veracidade ou simplesmente do mero facto de conseguir coabitar com tantas injúrias, com tanto embuste e com tanta hipocrisia sem se importar com tal facto? Homologando tudo, aceitando todos os desafios e obstáculos que surgem na frente… resistindo a tudo excepto a tentação de poder mudar, de explorar e desfrutar outras oportunidades, outros espaços e outros destinos… onde tudo é diferente, onde eu sou eu, sem fachadas nem receios, onde teorizo e altero os factos, onde fecho os olhos e aspiro por mais… pelo infinito inesgotável, pelo minuto interminável, por uma felicidade que me tem fugido e por afastar este eclipse que me tem ensombrado…


"People only see what they are prepared to see..."

(Ralph Emerson)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Rubbish...

Stop humping my judgment, feeling it with nonsense, making it straight minded, hollow and disorderly… Outrageous, shallow and bizarre… Stop wasting my spare time with sublime rubbish, shading it with noise and dust… Please cease these thoughts that keep interrupting my common sense, that disturb my reasonable opinions and drown my beliefs…

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Impasse...

Peço desculpa (aos meus caros leitores) por não ter alimentado nas últimas semanas este blog mas com o reinício do trabalho não tenho tido disponibilidade para escrever/reflectir… E as noites têm servido para outras coisas mais interessantes. :-)

Prometo voltar a publicar alguma coisa brevemente…

Um abraço