quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Este rabiscar...

Este rabiscar, a escrita acaba por ser, para mim, a minha forma de libertação, um modo de aliviar certos sentimentos nostálgicos, melancólicos e nalguns casos até patéticos e irrelevantes. Muitas vezes são sobre situações passadas, irrisórias ou infelizes mas que ocasionalmente insistem em zombar os meus pensamentos, xingando o meu bem-estar e a minha sanidade. Há dias e dias… e hoje é um desses dias, em que apesar de passar o dia repleto de amigos, colegas de trabalho e conhecidos, sinto que a solidão me rodeia, a amargura transparece, a cicatriz não sara e uma sombra enevoa a minha luminosidade interior.

Assim, emprego a escrita como uma técnica, como uma arte para me esquivar de uma nova recaída, como um meio de combater o regresso a um estado depressivo, que já vivi e que neste momento não ambiciono. De certa forma, a escrita acaba por funcionar como a expressão popular ‘foda-se’ (desculpem a expressão) mas ainda esta semana li um excerto adaptado de um texto, do qual desconheço o ‘verdadeiro’ autor, que profere o seguinte:

“O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de ‘foda-se!’ que ela diz. Existe algo mais libertário do que o conceito do ‘foda-se!’? O ‘foda-se!’ aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Liberta-me.”

Apesar de alguns indivíduos acharem exagerado o seu conteúdo, o seu grau de vulgaridade ou obscenidade, existe muita veracidade neste pequeno parágrafo, no qual me revejo e me identifico. Para finalizar termino com um toque nortenho, num timbre audaz e com um valente: ‘Foda-se!’… Amanhã é outro dia, outra vivência, outra realidade…

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo contigo... e com o M.E.C também! lol

Palavrões

"Ja me estão a cansar... parem lá com a mania de que digo muitos palavrões, caralho! Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral. Acho-os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar... mas dialogar com caracter! O que se nao deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro-os na perspectiva literária! Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que tem, é como se estivessemos a desinfecta-los, a torna-los decentes, a recupera-los para o convivio familiar. Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante. Dizer "Tenho uma verruga no caralho" é inadmissivel. No entanto, dizer que a nova decoração adoptada para a CBR 900 '2000 não lembra ao "caralho", não mete nojo a ninguém. Cada vez que um palavrão e utilizado fora do seu contexto concreto e significado, é como se fosse reabilitado.
Dar nova vida aos palavrões, libertando-os dos constrangimentos estritamente sexuais ou orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercicio de libertação. Quando uma esferografica nao escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta" ("... nao escreve!", desagrava-se a mulher que se prostitui. Em Portugal é muito raro usarem-se os palavrões literalmente. É saudável. Entre amigos, a exortação "Nao sejas conas",
significa que o parceiro pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas diárias. Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com satisfacao ate parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos "Foda-se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja passivel de ser sexualmente assaltada. Por ex.: quando o Mario Transalpino "descia" os 8 andares para ir a garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda-se"!! não
existe nada no vocabulario que dê tanta paz ao espirito como um tranquilo "Foda-se...!!". O léxico tem destas coisas, e erudito mas não liberta. Os palavrões supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam-me. Sao violentos. Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar apos tres quartos de hora, "ai o caralho...", sem que dai venha grande mal a familia, um "chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recem-chegado do Kit-Market ou do Aki, perde uma peça para a armacao do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde e que se meteu a puta da
porca...?", esta a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades. Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina", "prepucio", "glande", "vulva" e escroto". São palavrões precisamente porque são demasiadamente inequivocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, nao se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no anus de Judas". Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem e que se atreve a propor expressões latinas como "fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a
qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e macudo, prestando-se pouco ao dialogo, enquanto o equivalente popular "esgalhar um pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de uma treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."