segunda-feira, 23 de julho de 2007

Híbrido...

Conceitos contraditórios provocam em mim o desejo de amaldiçoar e ao mesmo tempo admirar o silêncio da noite, o cantar sedutor dos grilos, o entoar das árvores, o murmurar da brisa nocturna, o odor da terra humedecida, a suavidade do orvalho, ameno, emudecido, omisso da vista mas presente no tacto, o palpitar do músculo da vida… até a mosca que me zomba cerca dos ouvidos, inconveniente mas também bem-vinda, que me faz companhia neste instante de solidão, neste sítio ermo onde apenas habita alguém que já foi gente, a mosca atrevida e uma dúzia de aranhiços que fazem dos ângulos desta habitação o seu lar. Olho fixamente o tecto e ouço desatento o ruído da televisão, aéreo, num estado leviano e híbrido tento reflectir… nada sai, tudo se mantém igual… bem, igual não, parecido com o que era… não sei se saboreie mais uma loira ou se as deixe para amanhã, se devo sair esta noite mas nesta madrugada de segunda para terça-feira que noite mais tranquila está lá fora porque cá dentro está um reboliço, uma mescla de ideias alucinadas e inconformado ouço o latir dos cães da vizinhança, os felinos no telhado… tudo parece perturbar e que se lixe, vou sair, espairecer, nem que seja só para matar o tempo, cansar o corpo e descansar a alma. Amanhã é outro dia, outra insónia e outra noite semelhante às restantes.

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