segunda-feira, 25 de junho de 2007

Jornada...

Só numa jornada silenciosa, numa cruzada sem bagagem, sem a intervenção dos demais, é que realmente entendemos a limpidez dos actos e a clareza de sentimentos… qualquer outro tipo de jornada é mera poeira, sujidade atirada para os olhos com o intuito de ofuscar a veracidade e autenticidade dos feitos.

Como é notável e deveras superior aos sentidos corpóreos os nossos devaneios, o intelecto, o olho espiritual que vê para além do perceptível, que vê o imaginável e foge à superficialidade de nexos aprisionados e misteriosos, que desvenda frinchas e graças onde colhemos mais do que buscamos… só assim a paz irá florescer em nós, transitando a energia de tormentas passadas num rescaldo prodigioso e olímpico, numa química assombrosa repleta de tesouros por desvendar.

Qualquer insensato(a) consegue deitar-nos abaixo como se de árvores tratasse de abater, e como estamos enraizados nas nossas preces, nas nossas vontades, nos nossos corações… não podemos fugir, e mesmo que pudéssemos seríamos igualmente destruídos, perseguidos e derrubados por uma vontade imprudente, insensível e cruel de quem age por ignorância ou de quem engenhosamente actua pelo simples prazer de arruinar o templo e a poesia que existia, de provocar dor a quem nunca lhe fez mal, sem se aperceber que nada está exclusivamente só e que tudo está interligado neste universo provocando uma série, uma sucessão de reacções em cadeia… pois tudo flúi, tudo segue um percurso e por mais persuasivo ou penoso que seja… procuramos sempre atalhos, e quem se mete em atalhos...

Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos…
(Carlo Dossi)

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